quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Descansem em paz, tios!

Dia triste. Muito triste.
Hoje perdi uma parte importante da minha vida.
Num intervalo de 12 horas, duas pessoas que marcaram a minha infância se foram pra sempre. Ela morreu no Rio de Janeiro. Ele, em Belém. Duas mortes, duas ausências que agora fazem parte apenas das minhas recordações.
Meu tio. Minha tia.
Ela uma vez costurou um vestido pra eu usar na festa junina (acho até que era um conjunto - saia e blusa - de carimbó). Ele me deixava comer bombons à vontade na mercearia dele, sem falar nos picolés da mercearia do vizinho.
Foi pelas mãos dela que eu conheci a Cidade Maravilhosa. As mesmas mãos que trabalhavam rápidas na máquina de costura, faziam um prato com repolho que todo mundo comia jurando ser caranguejo e que um dia tentaram me ensinar a fazer crochê.
Ele viveu a vida inteira no interior. E foi lá que eu vivi as minhas melhores férias de infância, sempre regadas a feijão da colônia, passeio na praça e muito banho de rio.
Aliás, naquele tempo o mundo era enorme e cabia no quintal da casa dele, distante mais ou menos três horas de Belém. A gente corria entre as pimenteiras, dava ração aos patinhos e galinhas, e um dia até construiu uma cabana nos fundos do terreno (trabalho de equipe, com quase todos os primos ajudando).
O mundo encolheu. O coração apertou. A cabeça girou. E tive um daqueles momentos em que a gente se dá conta do quanto a vida é frágil. Agora, só me resta rezar e pedir muita luz: pra eles - que agora começam um novo caminho. E pra nós que ficamos aqui, em passos curtos e tempo escasso. Descansem em paz, tios! Amo vocês!

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